segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O LÍDER VITORIOSO - CAPÍTULO 1: PREPARATIVOS PARA O INÍCIO DA OBRA

5 - A oração que Deus responde
Algumas vezes nos perguntamos porque Deus não está respondendo nossas orações. As respostas para essa pergunta podem variar enormemente, dependendo de muitas circunstâncias. Por exemplo, se a pessoas não estiver andando corretamente nos caminhos do Senhor, isso será um impedimento para resposta de Deus. Neste parágrafo vamos considerar somente um aspecto: o aspecto das orações respondidas quando elas sao feitas por alguém que está numa posição ideal perante Deus. Note que não estamos falando de alguém perfeito, ou que merece alguma resposta. Esse é o caso de Neemias. Apesar de todas as circunstancias que aconteceram em sua vida, como por exemplo, o fato dele ser escravo em uma terra estranha, seu coraçào estava posicionado corretamente perante Deus, amava seu Deus acima de todas as coisas, a compaixão pelo seu povo era algo visivel em seu rosto. Razões como essas fizeram com que Neemias se tornasse pró-ativo perante Deus. Sua posição pró-ativa tinha uma primeira característica: ela não se baseava numa atitude de auto-sificiencia nem tão pouco num ato emocional isolado, mas numa atitude de colocar sua vida em total dependência de Deus. Tornar-se pró-ativo sem que Deus decida entrar em atividade primeiro, é presunção. O exemplo de pro-atividade é Jesus, e a mesma e foi demonstrada e definida quando Ele declarou no evangelho de João: eu só faço o que vejo meu Pai fazer. Na verdade, a biblia ensina que Deus busca quem possa “ficar na brecha” em concordancia com Ele, e dessa forma possa tornar-se um instrumento em suas mãos. Deus busca co-laboradores, isto é, pessoas que possam “laborar” junto com Ele. Claro que isso requer algumas coisas como pré-requisito: a) para colaborarmos com Deus precisamos primeiramente conhecê-Lo. Devemos conhecer Seu caráter, os princípios que norteam Seu modo de agir; b) devemos conhecer Seus planos, as prioridades daquilo que Ele deseja fazer, o tempo no qual Ele deseja trabalhar; c) devemos conhecer Sua paixão, aquilo que move Seu coração, a intensidade e a extensão na qual Ele deseja se envolver com o projeto a ser realizado. Acredito firmemente que todas as coisas sugeridas acima podem ser definidas através de uma palavra: intimidade. Intimidade implica confiança, implica tempo gasto em comunhão, implica em apreciação daquilo que a outra pessoa é e faz. O que vamos fazer deve, deve ser “concebido no ninho” de nossa intimidade com Deus.
A oração de Neemias foi baseada em alguns elementos que demonstram como seu coração se alinhou com o coração de Deus. Primeiro, Neemias 1:4 registra que depois de ouvir a notícia realmente ruim sobre a situação do povo de Deus, ele se assentou e chorou. A notícia o comoveu e fez com sua atenção ficasse totalmente focada no problema. As distrações de seus problemas pessoais, do seu trabalho como copeiro e até mesmo suas prioridades foram suspensas diante do problema. Em outras palavras, o texto diz que ele saiu do ambiente natural e entrou na presença de Deus por alguns dias.
Segundo, ele jejuou e orou perante o Deus dos céus. Neemias precisava saber as intenções e o coração de Deus a respeito daquele assunto. Durante seu período de busca, ele primeiramente reconheceu a grandeza de Deus. Muitas vezes nos aproximamos de Deus sem a consciência de sua grandeza, não está claro em nossas mentes de que nosso Deus é transcendente, Ele é muito superior a todo e qualquer problema, Ele é o todo poderoso, aquele que conhece todas as coisas e está em todos os lugares ao mesmo tempo, Ele é o Deus dos céus, grande e temível. Porém, quando reconhecemos a grandeza de Deus, o temor vem sobre nosso coração.
Terceiro, como o temor ao Senhor é o “princípio da sabedoria”, o Espírito Santo traz a nossa memória as promessas e pactos que Deus fez conosco. Foi isso que aconteceu no texto do capítulo 1:5 com Neemias, antes de falar em sua oração sobre a rebeldia e os pecados do povo, seus olhos ficam fixos na pessoa de seu Deus, lembrando que havia um pacto entre Ele e Israel, feito com pessoa de Abraão Seu amigo. O pacto era de abençoar a posteridade de Abraão, estar no meio de Seu povo e protege-lo contra seus inimigos. A parte que cabia ao povo era de amar a Deus, obedecer os mandamentos e andar nos caminhos traçados por Ele. Uma palavra apropriada para definir o posicionamento de Neemias poderia ser “exaltação”, ele primeiramente exaltou a Deus reconhecendo sua fidelidade. Em sua exaltação a Deus, ele reconheceu que é Deus quem guarda a aliança e a misericórdia, isto é, quando o povo é incapaz de manter sua parte, a fidelidade e a misericórdia de Deus entram em ação como ancora do relacionamento. Isso possibilita o arrependimento e a fé. Quando o povo quebra seu compromisso de fidelidade, Deus continua fiel, e recebe de volta aqueles que se tornam conscientes de seu pecado, confessam e voltam para a casa do Pai. É o que na teologia conhecemos como “amor de Deus”, o qual se manifesta através de Sua graça e misericórdia.
Isso nos leva a um quarto elemento da oração de Neemias: os olhos de Deus estão abertos e seus ouvidos atentos para a oração de seus servos, 1:6. Todas as vezes que cremos que os olhos e ouvidos de Deus estão voltados para nós, somos tomados por uma consciencia de Sua presença. A primeira consequencia disso é que, mesmo de maneira inconsciente, somos invadidos por um senso de dignidade que não tinhamos antes. Deus nos aceita, estamos na presença do Altíssimo e não morremos fulminados. Isso afeta nossa visão de nós mesmos, nos dá segurança e ousadia na oração. Porque nossa verdadeira identidade somente é revelada na presença de Deus, não precisamos mais ficar debaixo do Seu juízo. Ele é NOSSO Deus, nos acolhe de braços abertos e nos aceita como seus cooperadores. O Deus grande e temível é nosso Pai e Nele temos herança. É como disse Jesus: não temais pequeno rebanho, Deus se agradou em dar-vos Seu reino. Então nosso linguajar sem medo flui na presença do Pai: “Estejam atentos teus ouvidos, e os teus olhos abertos” 1:6. Desaparecendo o medo da rejeição, o medo de não ser ouvido, a preseverança toma seu lugar e somos capazes de dizer como Neemias: “acode a oração do teu servo, que hoje faço na tua presença, dia e noite”. Também a consciencia do nosso pecado e dos pecados do nosso povo é justamente o que nos atrai a Ele, seu amor é como um imã que nos leva em direção ao perdão. A confissão não se torna um fardo, um ato amedrontador, mas sim um alívio para a alma.
A consciencia de quem Deus é e de quem somos em Sua presença tem o poder de enchernos de paz perante Ele, assim podemos ser criteriosos e até mesmo minuciosos em nossa confissão. É a luz de nosso Senhor que ilumina nossa identidade, esa luz expoe não somente nossas trevas mas também a de nosso povo. A luz de Deus traz em sua companhia Seu as características de Seu caráter santo de justiça e amor, cujo amor se expressa através de Sua misericórdia e graça. Uma vez despertados em nossa consciencia desses atributos, se cumpre em nós seu mandamento de amar nosso próximo como a nós mesmos. Essa é a razao porque nossa oração se torna inclusiva, não somente por nos mesmos mas também pelos nossos irmãos. Entao podemos falar da natureza de nosso pecado que é a corrupção, somos de todo corruptos, não há um justo, um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus, todos nos estraviamos. Porisso somos incapacitados para guardar os mandamentos, os estatutos e os juizos dados a Moiséis, que na verdade são a expressao do caráter santo de nosso Deus. Entendendo com clareza que Deus odeia nosso pecado mas ama nossa pessoa, Seu juizo contra nós faz sentido. Entendemos claramente o conceito e as implicações da rebelião, como entendeu Neemias: se transgredirmos, seremos espalhados, porém se nos arependermos, seremos perdoados e ajuntados de onde estivermos para o lugar em que Ele escolheu para habitarmos e sermos felizes. Então a ousadia que vem do amor e do desejo por intimidade com o Senhor brota em nossa oração: “estes ainda são teus servos e povo que resgatastes com teu grande poder e com tua mão poderosa”, Neemias 1:10. Nos agradamos de temer teu nome, porisso estejam atentos ouvidos a nossa oração, dá sucesso nos desejos de nosso coração pois eles estão alinhados com teus propósitos. Nosso Deus pode nos dar favor perante os poderosos e os reis da terra, dos quais vai depender nosso sucesso, porque seus corações estão em Suas mãos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do seu texto sobre o posicionamento de Neemias, me fez entender varias coisas que não entendia...