quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Igreja Consumista

Tem sido dito que vivemos na era do consumo e do excesso. Esse consumo vai muito além do simples materialismo, mas tem se tornado o próprio tecido da nossa cultura, transformando-se num estilo de vida nos dias de hoje.
O filósofo francês Jean Baudrillard certa vez disse que em nossos dias ”o consumo é um sistema de significado.” Em outras palavras, você é o que você consome. De acordo com Baudrillard, a qualidade dos carros, roupas e aparelhos que possuímos acabam por definir quem somos em nossa sociedade hoje.
O consumo é um sistema de significado.
- Jean Baudrillard
O consumismo de hoje tornou-se a nossa cultura, a própria coisa que nos dá significado, identidade e valor. Enquanto o consumismo continua a moldar nossa cultura, a mentalidade do consumismo é a força que rege o nosso comportamento à medida que interagimos com o mundo ao nosso redor. Esta mentalidade é marcada por um intenso pragmatismo, onde o consumidor está sempre procurando extrair o maior valor pelo mínimo esforço.
Dado que a religião não é senão uma sub-cultura em nossos dias, a nossa tendência é de adaptar a mentalidade consumista sempre que lidamos com a igreja. Muitos de nós olhamos para a igreja como uma simples fornecedora de serviços no comércio da fé, e com o intuito de atrair um maior número de fiéis, igrejas têm se ajustado à cultura, visando proporcionar os melhores “serviços” e “experiências” para os seus visitantes.
No entanto, é no comércio que as empresas competem entre si para oferecer os melhores produtos e serviços, para assim, captar a atenção dos seus consumidores. O mesmo também é verdade com o mercado religioso, o consumismo em nossa cultura tem causado igrejas a competir uma com a outra, e assim agora podemos encontrar igrejas que são caracterizadas pelos programas que oferecem, quer seja para crianças, adolescentes ou adultos.
Igrejas impulsionadas pela cultura do consumismo são tão pragmáticas quanto os indivíduos que a frequentam, pois elas se conformam ao invés de transformarem a cultura à sua volta sempre mudando os seus programas para agradarem seus membros. Com essa tendência atual, tais igrejas se tornam vazias de compromisso, doutrinas bíblicas e forte conhecimento de Deus, as mesmas virtudes que marcaram a Igreja Primitiva conforme lemos em Atos 4:32.
Assim sendo, o indivíduo cristão que possui uma mentalidade consumista vai sempre procurar a igreja que tem os programas que mais lhe agradam sem nunca pensar em maneiras que possa servir aqueles à sua volta. Este mesmo indivíduo vai então medir a sua experiência baseada na melhor “emoção” pelo mínimo esforço requerido, transformando a igreja numa simples “provedora de experiências emocionais”, assim como eventos esportivos, shows musicais, etc.
A solução para o atual estado da igreja é reformar ao invés de conformar-se com a cultura à sua volta. A igreja precisa ser um farol de luz que declara a verdade da Palavra de Deus para o mundo, em vez de ser apenas mais um provedor de produtos que são comercializados para agradar seus consumidores.
Como Igreja de Cristo, a nossa mentalidade precisa ser focada em servir e não apenas ser servido. A igreja é um lugar para os machucados, necessitados e destituídos. É também um lugar que deve promover a redenção e reconciliação e que não visa apenas providenciar “boas experiências emocionais”.
Em última análise, devemos lembrar que somos chamados para sermos agentes ativos de transformação e não apenas consumidores passivos do mais recente produto da fé.
Pastor Andre Rocha.

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