Igreja Consumista
Tem sido dito que vivemos na era do consumo e do
excesso. Esse consumo vai muito além do simples materialismo, mas tem se
tornado o próprio tecido da nossa cultura, transformando-se num estilo de vida
nos dias de hoje.
O filósofo francês Jean Baudrillard certa vez disse
que em nossos dias ”o consumo é um sistema de significado.” Em outras palavras,
você é o que você consome. De acordo com Baudrillard, a qualidade dos carros,
roupas e aparelhos que possuímos acabam por definir quem somos em nossa
sociedade hoje.
O consumo é um sistema de
significado.
- Jean Baudrillard
O consumismo de hoje tornou-se a nossa cultura, a
própria coisa que nos dá significado, identidade e valor. Enquanto o consumismo
continua a moldar nossa cultura, a mentalidade do consumismo é a força que rege
o nosso comportamento à medida que interagimos com o mundo ao nosso redor. Esta
mentalidade é marcada por um intenso pragmatismo, onde o consumidor está sempre
procurando extrair o maior valor pelo mínimo esforço.
Dado que a religião não é senão uma sub-cultura em
nossos dias, a nossa tendência é de adaptar a mentalidade consumista sempre que
lidamos com a igreja. Muitos de nós olhamos para a igreja como uma simples
fornecedora de serviços no comércio da fé, e com o intuito de atrair um maior
número de fiéis, igrejas têm se ajustado à cultura, visando proporcionar os
melhores “serviços” e “experiências” para os seus visitantes.
No entanto, é no comércio que as empresas competem
entre si para oferecer os melhores produtos e serviços, para assim, captar a
atenção dos seus consumidores. O mesmo também é verdade com o mercado
religioso, o consumismo em nossa cultura tem causado igrejas a competir uma com
a outra, e assim agora podemos encontrar igrejas que são caracterizadas pelos
programas que oferecem, quer seja para crianças, adolescentes ou adultos.
Igrejas impulsionadas pela cultura do consumismo são
tão pragmáticas quanto os indivíduos que a frequentam, pois elas se conformam
ao invés de transformarem a cultura à sua volta sempre mudando os seus
programas para agradarem seus membros. Com essa tendência atual, tais igrejas
se tornam vazias de compromisso, doutrinas bíblicas e forte conhecimento de
Deus, as mesmas virtudes que marcaram a Igreja Primitiva conforme lemos em Atos
4:32.
Assim sendo, o indivíduo cristão que possui uma
mentalidade consumista vai sempre procurar a igreja que tem os programas que
mais lhe agradam sem nunca pensar em maneiras que possa servir aqueles à sua
volta. Este mesmo indivíduo vai então medir a sua experiência baseada na melhor
“emoção” pelo mínimo esforço requerido, transformando a igreja numa simples
“provedora de experiências emocionais”, assim como eventos esportivos, shows
musicais, etc.
A solução para o atual estado da igreja é reformar ao
invés de conformar-se com a cultura à sua volta. A igreja precisa ser um farol
de luz que declara a verdade da Palavra de Deus para o mundo, em vez de ser
apenas mais um provedor de produtos que são comercializados para agradar seus
consumidores.
Como Igreja de Cristo, a nossa mentalidade precisa ser
focada em servir e não apenas ser servido. A igreja é um lugar para os
machucados, necessitados e destituídos. É também um lugar que deve promover a
redenção e reconciliação e que não visa apenas providenciar “boas experiências
emocionais”.
Em última análise, devemos lembrar que somos chamados
para sermos agentes ativos de transformação e não apenas consumidores passivos
do mais recente produto da fé.
Pastor
Andre Rocha.
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