Tradução de parte da Carta de Madame Guyon
escrita para para Francois Fenelon
PASSOS PARA A COMPLETA CRUCIFICAÇÃO DO EU
I.
O
primeiro passo dado pela alma que se entregou fomal e permanentemente para
Deus, é colocar aquilo que pode ser chamado de poderes externos – isto é, as propensões e apetites naturais, -- em
submissão. O estado religioso da alma em
alguns momentos é caracterizado por aquela simplicidade que demonstra
sinceridade, a qual é sustentada pela fé. Dessa maneira a alma não age por si
mesma, mas segue e coopera, com todo seu poder, com a graça que lhe é dada.
Isso leva à vitória através da fé.
II.
O
segundo passo é cessar de descansar nos prazeres da sensibilidade interior.
Nessa fase, a luta é em geral mais
severa e prolongada. É difícil morrer para aqueles desejos e preazeres de nossa
primeira experiencia com Deus, os quais nos fazem sentir tão alegres, e que
Deus, de maneira geral, nos permite desfrutar e descansar sobre eles. Qnado
perdemos nossa alegria interior, ficamos muito propensos a pensar que perdemos
o próprio Deus; não considerando que a
vida moral da alma não consiste em prazeres, mas em união com a vontade de
Deus, seja qual for. A vitórianesse ponto é também pela fé; agindo, entretando,
de uma maneira um pouco diferente.
III.
Outro
passo é a crucificação completa de qualquer confiança em nossas virtudes, quer
sejam interiores ou exteriores. Os hábitos da vida do “eu” se tornam tão
fortes, que raramente não existe alguma coisa com a qual não temos algum grau
de complacência. Havendo ganho vitória sobre os sentidos, e havendo se
fortalecido de maneira que possa viver pela fé, independente de animação e
prazeres interiores, a alma começa a ter certo grau de satisfação, o qual é
secretamente egoísta em sua virtude, em sua verdade, temperança, fé, benevolência, e descansa
nessa satisfação como se ela fosse uma virtude da própria alma, como se essa
satisfação fosse baseado nos próprios
méritos. Nós devemos estar mortos para essas satisfações, considerar que elas
vieram de nós mesmos; e vivos para elas sòmente nas bases de que são dons e
poder de Deus. Nós devemos ignorar tais satisfações e não viver através delas,
no sentido de que nossa satisfação esteja nelas; e devemos colocar nossa satisfação
sòmente no Doador daquilo que nos
satisfaz.
IV.
O
quarto passo consiste na cessação ou morte daquela repugnância a qual o homem
naturalmente sente para com a obras de Deus as quais estão envolvidas no
processo da crucificação interior. O sopro que Deus manda sobre nós é recebido
sem oposição que antes existiu e frequentemente existe com grande poder. A alma
perceba a presença de Deus tão claramente em tudo; sua fé é tão forte, que as
coisas aparentemente adversas, que antes eram excesivamente desfiadoras, são
agora recebidas, não sòmente com aceitção mas com alegria. Beija a mão daquele
bate.
V.
Quando
chegarmos até aqui, talvez digamos com bastante razão, que o homem natural está
morto. Então vem o quarto passo nesse processo, a NOVA VIDA, não meramente o
início da nova vida, mas a nova vida em
um sentido muito superior do termo, a ressurreição da vida de amor. Todos os dons que a alma buscou através de sua
própria força, e perverteu e os tornou venenoso e destrutivo em si mesmo, por
busca-lo aparte de Deus, agora de maneira rica e completa retornam, dados pelos
grande Doador de todas as coisas.Não é plano nem desejo de Deus de privar suas
criaturas da alegria, mas Ele derrama seu cálice de amargor e esmaga toda
alegria e prosperidade que as criaturas tem em qualquer outra coisa que não
seja Ele mesmo. Existe uma lei moral para a alegria, a qual é imutável como são
imutáveis os princípios morais. Ele esmaga a falsa alegria, ou a alegria
fundada em falsos princípios, a qual é somente a precursora da miséria real,
para assim Ele estabelecer a elegria verdadeira e duradoura, trazendo dessa maneira a alma em perfeita
comunhão e união com Ele mesmo, permitindo então que a alma beba da água viva
vinda da Fonte Inesgotável. Assim a alma tem essa nova vida, e todo o bom e
toda a alegria envolvida nisso, através da cessação de sua própria ação (isto
é, cessar toda ação exceto aquela que é feita em cooperação com Deus), e deixar
Deus viver e agir nelas.
VI.
E
essa vida, em sexto lugar, se torna uma
vida verdadeiramente trasformada, uma vida em união com Deus, quando a vontade
da alma se torna não sòmente em conformidade com Deus de fato e de maneira
prática, mas é conformada a Ele em tudo, e num relacionamento sustentável, o
qual pode ser chamado de “disposição” ou “tendência”. É então que acontece tal
harmonia entre o homem e a vontade divina, que pode ser considerado como tendo
se tornado “um”. Suponho que esse foi o estado de São Paulo quando disse, “não
vivo mais eu, mas Cristo vive em mim...”. Uma alma desse tipo, que é descrita
como templo do Espírito Santo, Deus, Ele mesmo é o habitante e a luz dela.
“Esta alma transformada não para de crescer em santidade. É transformada sem
permanecer onde estava, sem ficar estacionada. Sua vida é amor, todo amor; mas
a capacidade desse amor aumenta copntinuamente.
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